Após muita espera, o Banco Central do Brasil (Bacen) finalmente realizou o lançamento do Real Digital e seu cronograma. Em um evento realizado na segunda-feira (6), o Bacen definiu como a “moeda” funcionará e quais são as próximas etapas.
Sim, o termo moeda está entre aspas porque, diferentemente do que se especulava, o Real Digital não se trata de uma moeda digital de banco central (CBDC). Tampouco contará com alguma integração junto ao sistema de pagamento Pix, pelo menos a princípio.
Na verdade, o que o Bacen trará ao mercado é um novo sistema voltado para serviços financeiros – e que terá pouco ou nenhum contato com os cidadãos. Veja agora o que é o Real Digital e porque ele não é uma CBDC.
O Real Digital
Em sua primeira fase, o Real Digital estará em testes até março de 2024. Depois dessa fase, o Bacen deverá implementar o sistema até o final do próximo ano. Um dos primeiros testes do novo sistema é a tokenização de ativos e transferência de títulos públicos federais.
Nesta fase, o Bacen selecionará algumas instituições que participarão dos testes e deve incorporá-los até o mês de maio.
Nesse sentido, o Real Digital visa possibilitar a transferência desses ativos em tempo real, sem depender do horário comercial. Portanto, o novo sistema funcionaria como uma versão do Pix voltado para empresa e bancos, não para o usuário final. A plataforma terá como foco três tipos de ativos:
- Real digital – atacado: vai funcionar para o relacionamento interbancário. Será a moeda do Banco Central, que hoje tem como análogo as reservas bancárias e as contas de liquidação;
- Real tokenizado – varejo: serão versões tokenizadas do depósito bancário ou do saldo de contas de instituições de pagamento;
- títulos públicos federais: que são ativos do governo federal.
Portanto, não haverá nenhuma integração do Real Digital com os cidadãos brasileiros. As pessoas não terão contas ou uma carteira diretamente ligada ao Bacen e com acesso ao Real Digital. Ele será apenas um sistema de pagamentos voltado para instituições financeiras e o próprio Bacen.
Novos anúncios em abril
Durante o anúncio, o Bacen não estabeleceu os critérios que utilizará para selecionar os participantes dos testes. Isso deve ocorrer em abril, quando a autarquia fará um workshop com todos os participantes do setor financeiro.
No entanto, já ficou claro que por enquanto o Real Digital é um sistema, não uma CBDC. Ou seja, a versão brasileira não tem similaridades com os sistemas de países como a China e a Nigéria, por exemplo.
Isso porque um dos riscos da CBDC é o de mudar o relacionamento dos clientes com os bancos. Afinal, a ferramenta permitiria que os clientes tivessem conta diretamente no Banco Central, o que poderia prejudicar seriamente o balanço dos bancos.
Por outro lado, uma CBDC pura também implicaria em fortes riscos de controle totalitário sobre o dinheiro dos cidadãos, algo que muitos entusiastas do Bitcoin (BTC) criticam nessa ferramenta. Por isso, o anúncio da segunda-feira representou um alento em vários aspectos.
Fonte: criptofacil