Um estudo feito pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP/FGV) revelou que o número de investidores brasileiros em criptomoedas dobrou entre 2020 e 2021. Porém, apesar da popularização, ainda há alguns entraves presentes no setor para novos investidores, como a complexidade e a volatilidade do tema. De acordo com outro estudo, da The Economist Intelligence Unit, a falta de conhecimento é justamente a principal barreira para a adoção dessas moedas digitais.
Nesse sentido, a ferramenta de orderbook, ou ordem de vendas, é uma das principais travas no cenário de ativos, motivo que tem feito diversas empresas do segmento reverem a maneira de oferecer serviços de negociação de criptomoedas com esse sistema.
Conhecido também como livro de ofertas, o orderbook é um modelo muito utilizado por corretoras do mercado tradicional para compra e venda de ações, e que foi assumido como principal ferramenta de negociação de criptomoedas pelas exchanges centralizadas que oferecem essa intermediação entre compradores e vendedores de cripto ativos.
Nesse modelo há a necessidade do orderbook ser acompanhado junto com o histórico de negócios, pois são ambientes importantes para o deslocamento de preços dos ativos. Além disso, é necessário que o investidor entenda os tipos de ordens de mercado, para conseguir realizar operações de acordo com o seu objetivo, como a Ordem Limitada, a Ordem Stop e a Ordem A Mercado, por exemplo.
Sendo assim, a principal dificuldade do livro de ofertas é a sua leitura, especialmente para quem não tem familiaridade com esse ambiente. Vamos esclarecer com um exemplo: existem ativos que possuem alta liquidez. Dependendo do volume deles, é possível realizar negociações em um preço justo, mas existem também exchanges e ativos com baixa liquidez. Nessas situações, a depender da execução da ordem, o investidor poderá comprar ou vender o ativo com deságio (quando o valor dele está abaixo do preço nominal). Portanto, o conhecimento prévio do assunto é fundamental, o que pode se tornar um grande bloqueio para um primeiro contato com o mercado de ativos digitais.
Ao longo dos anos, outro modelo de negócios veio ganhando relevância e hoje o denominamos como Exchanges Descentralizadas (DEX). Nesse ambiente não temos o sistema de orderbook, todavia também não é possível realizar depósitos em moeda fiduciária, fazendo com que o cliente tenha a necessidade de plugar a Exchange a uma wallet (carteira digital) com criptomoedas para que possa então realizar conversões entre moedas digitais, exigindo do usuário certo conhecimento específico de tecnologia e mercado cripto.
Segundo o mesmo estudo da EESP/FGV, apenas 26% dos investidores em criptoativos têm formação em finanças. Essa é uma prova contundente que o segmento precisa de mais acessibilidade para pessoas que não estão completamente inseridas no meio. Interpretar gráficos deve ser menos valorizado em um primeiro momento do que a aposta em modelos de negociação mais simples, para que o acesso à nova economia seja feito de forma segura, efetiva e descomplicada.
Uma das maneiras de seguir essa estratégia sem o orderbook ou a integração de wallets, é quando uma empresa faz a intermediação de ordens entre o interesse de compra ou venda do cliente e a contraparte, gerando a efetivação das operações a um preço justo. Esses players estão surgindo mais recentemente no mercado e são denominados como Brokers. Esse modelo de negócio dispensa o que ocorre em algumas exchanges com baixa liquidez, fazendo com que seus clientes realizem ordens com deságios de mercado. A possibilidade de transacionar múltiplos ativos em uma única conta digital e oferecer suporte aos clientes com estratégias adequadas a cada perfil também são boas opções para atrair investidores.
É evidente que o mercado de cripto é uma realidade. Mas é uma realidade para todos? Bem, pode-se dizer que do lado das empresas, aquelas que recorrem ao orderbook e optam por serviços tradicionais existe um movimento de disseminação desse segmento. Já as companhias e startups que apostam em modelos de negociação mais simples, que familiarizam o investidor com o meio, estão efetivamente democratizando o acesso dos ativos digitais para todos os públicos.
Fonte: exame.com
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