Em uma série de tuítes publicados nos últimos meses, alguns desenvolvedores se mostraram preocupados com um novo comportamento na mineração de Bitcoin. Segundo as denúncias, cerca da metade do poder de processamento do Bitcoin estaria ligado a uma única entidade.
Wolfie Zhao, pesquisador da TheMinerMag, aponta que 10 das 15 maiores pools de mineração estariam “regularmente enviando uma parte ou toda a recompensa do bloco para um único endereço”.
Denúncias passadas também revelam que essa entidade estaria filtrando ‘satoshis raros’ antes de realizar pagamentos. No entanto, a segurança da rede é a maior preocupação conforme a descentralização do Bitcoin é um de seus pilares mais importantes.
Nas redes sociais, o desenvolvedor Mononaut afirma que a empresa por trás disso é a Cobo. Seu fundador, Shixing Mao (também conhecido como Discus Fish), também fundou a F2Pool, o que fortalece essa a teoria.
“Em outras palavras, esta entidade detém as chaves-privadas de pelo menos 47 em cada 100 bitcoins recém-minerados.”
Já o desenvolvedor 0xB10C, que já acusou mineradoras de censurar transações, afirmou que “as pools da BTCcom, Binance, Poolin, EMCD, Rawpool e possivelmente da Braiins têm o mesmo modelo e priorização de transação personalizada da AntPool”.
Em termos mais simples, embora essas pools tenham nomes diferentes, elas estariam trabalhando da mesma forma. Por exemplo, estão priorizando as mesmas transações ao invés confirmar aquelas que pagaram as maiores taxas.
“Essencialmente é uma pool de pools e muita centralização de mineração.”
Para Wolfie Zhao, citado no início da matéria, o suposto esquema pode estar ligado a algum acordo de financiamento. Isso porque as pools utilizam Full Pay-per-Share (FPPS), um modelo de pagamento que recompensa mineradores mesmo se a pool não estiver encontrando blocos.
Ou seja, ter uma grande entidade por trás séria útil em momentos de azar, evitando atraso de pagamentos ou até mesmo falências.
Para o desenvolvedor Mononaut, a empresa em questão seria a Cobo. Fundada em 2018 pelo mesmo fundador da F2Pool, Shixing “Discus Fish” Mao, a empresa oferece serviços de custódia para mineradoras, corretoras, etc., além de outros serviços, tendo fortes relações na China.
Em rodadas de investimento, a Cobo recebeu apoio da Wu Capital e da Neo Foundation. Enquanto a primeira é um escritório de investimentos familiar sediado na China, a criptomoeda NEO/Antshares foi fundada pelos chineses Da Hongfei e Erik Zhang.
Finalizando, também há o envolvimento da DHVC, também conhecida como Danhua Capital, cujo suicídio de seu fundador, Zhang Shoucheng, levantou suspeitas em 2017.
Portanto,embora grandes mineradoras tenham saído da China após o banimento das criptomoedas em 2021, é possível que esse seleto grupo de empreendedores tenha criado uma aliança para não perder sua força no estrangeiro enquanto apoiam uns aos outros.
A Arkham Intelligence, empresa de análise on-chain, até monitora os endereços da Cobo. No entanto, a página não apresenta ligações com o setor de mineração.
Segundo os dados, a Cobo detém US$ 183 milhões em criptomoedas em suas carteiras (R$ 944 milhões), mas apenas US$ 5,7 milhões em BTC, um valor ínfimo quando comparado com os bitcoins que passam nas mãos dessas pools.
Para Wolfie Zhao, investigador da TheMinerMag, a entidade misteriosa não seria a Cobo, mas sim uma empresa ligada à Bitmain, uma das maiores fabricantes de ASICs de mineração de Bitcoin do mundo, ou então à Antpool, também fundada por Jihan Wu.
Segundo a teoria, é possível que as pools estejam comprando máquinas da Bitmain e realizando o pagamento parcelado conforme novos bitcoins vão sendo minerados.
Independente de quem seja a identidade, é difícil imaginar o quanto isso ameaça a segurança do Bitcoin. Um ataque de 51%, por exemplo, não seria um desejo dessas mineradoras, já que isso mataria a sua ‘galinha dos ovos de ouro’.
No entanto, eles poderiam ter uma grande força em futuros forks ou até para mesmo manipular as taxas de transações da rede, atualmente custando R$ 25.
Por fim, o Bitcoin também fica mais suscetível a sanções de governos com essa suposta centralização. Afinal, é mais fácil que uma única entidade censure transações a pedido de governos, algo que já está acontecendo no Ethereum.
Fonte: Livecoins
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