Drex pode ser programada para limitar o uso do dinheiro em circunstâncias específicas.

Por 24/09/2024
24/09/2024


Em um futuro não muito distante, o Drex poderá ser utilizado como uma ferramenta de controle governamental, restringindo a liberdade financeira dos cidadãos brasileiros. É o que fica subentendido em uma declaração de Eric Altafim, diretor de Produtos e Vendas Corporativas do Itaú Unibanco, durante participação no seminário "Plano Real – A moeda que mudou o Brasil", realizado em agosto, em São Paulo, em comemoração aos 30 anos da implementação do real. 

Embora o evento tenha acontecido há um mês, recentemente um vídeo editado com trechos de declarações de Altafim durante o painel intitulado "Um panorama sobre o Real e o futuro digital" tem circulado nas redes sociais e causado comoção entre os membros da comunidade brasileira de criptomoedas. A íntegra do vídeo está disponível como parte de uma série documentário intitulada "O Brasil depois do Real."

Em uma declaração em que enumera as razões para a adoção de uma moeda digital de banco central (CBDC) no Brasil, Altafim assume explicitamente que os recursos de programabilidade do Drex poderão ser usados para controlar as formas como os usuários do sistema poderão gastar o próprio dinheiro:

"No futuro, você pode pensar num pagamento de Bolsa Família, por exemplo, que só permite a compra de comida. Ou se a gente tivesse o Drex na pandemia [do coronavírus], você só poderia fazer compras em um raio de cinco quilômetros da sua casa."

Altafim afirma também que a rastreabilidade do Drex pode ajudar o governo a combater a evasão fiscal. Por exemplo, ao obrigar que lojistas recebam pagamentos com a CBDC brasileira, explicou o executivo:

"Se você usa um dinheiro programável como no caso do Bolsa Família, quem faz compras naquela lojinha que só aceita dinheiro, e provavelmente está praticando evasão fiscal, vai ter que aceitar o Drex."

Segundo Altafim, a principal inovação do Drex diz respeito à programabilidade do dinheiro introduzida pelos contratos inteligentes, pois o Brasil já possui um sistema de pagamentos instantâneos totalmente operacional com o Pix e a infraestrutura para pagamentos transfronteiriços ainda depende de uma ampla adoção global de CBDCs, em especial dos Estados Unidos.

"Os pagamentos transfronteiriços, eu tenho muitas dúvidas de que o Drex vai resolver de fato, pois a gente precisaria ter uma CBDC do dólar, um dólar digital", afirmou Altafim. "Sem isso, quando você não consegue trocar essa moeda, o sistema fica muito comprometido."

Altafim disse também que o Drex será útil para facilitar o acesso a ativos digitais tokenizados (RWA). Hoje, explicou o executivo, "para comprar um ativo digital, você precisa tokenizar o seu dinheiro primeiro." 

Atualmente, só é possível fazer isso adquirindo stablecoins, ativos digitais não regulados atrelados a moedas fiduciárias, que podem ser usados em transações on-chain. "O Drex, nada mais é do que uma stablecoin pareada na proporção de 1:1 com o real, só que emitida pelo Banco Central", acrescentou Altafim. Portanto, apto a resolver esse problema, democratizando o acesso a ativos digitais.

O ponto de vista de Altafim, que também faz parte da diretoria da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), foi validado por um relatório publicado na semana passada pela Febraban em associação com a empresa global de consultoria Accenture.

O relatório defende que os bancos devem liderar o mercado de criptomoedas e tokenização de ativos do mundo real, à frente de empresas e protocolos criptonativos. 

Ao destacar o potencial revolucionário das criptomoedas e dos tokens RWA para o setor financeiro brasileiro, a Febraban sugere que os bancos estão em uma posição privilegiada para liderar essa revolução digital devido à reputação estabelecida, infraestrutura robusta e, principalmente, à confiança de que desfrutam junto aos consumidores.

Enquanto isso, em âmbito internacional, o FMI divulgou em 21 de setembro o documento “Estratégias inclusivas de adoção de moedas digitais de bancos centrais para intermediários e usuários", que visa incentivar e acelerar a adoção global de CBDCs.

O documento recomenda a implementação de estratégias inclusivas para intermediários e usuários finais em quatro estágios: regulamentação, educação, design e implementação e incentivos, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.

O Drex acaba de entrar na segunda fase do projeto piloto, em que 13 novos casos de uso serão testados pelos consórcios envolvidos no desenvolvimento da CBDC brasileira. Ainda não há uma data prevista para o lançamento oficial do Drex.

 

Fonte: Cointelegraph

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