Está difícil saber como agir e em quem confiar nesse ano trevoso do mercado cripto. Enquanto isso, você está com as suas moedas digitais paradinhas, acompanhando um ciclo de baixa que parece não ter fim.
É mesmo necessário muita resiliência neste momento para seguir bravamente com a sua tese de investimento. Se pensarmos bem, porém, ceder ao medo só vai fazer a gente perder ainda mais, então o melhor é construir aos poucos com foco no longo prazo.
Renda passiva pode ser uma opção para um momento turbulento. Lembrando que riscos sempre vão existir, por isso se mantenha atento, comece com pouco dinheiro e estude sempre.
Para além das plataformas de empréstimo, que estão no olho do furacão com os recentes acontecimentos, uma alternativa de renda fixa em cripto que vem se popularizando é o staking.
Pouco tempo atrás, não era muito simples investir nessa estratégia, exigia-se um certo conhecimento por parte dos interessados. O cenário, no entanto, vem mudando depressa.
A entrada de exchanges e outros operadores com uma abordagem mais acessível ao público em geral amplificou a adoção do staking. Mas não se engane: facilidade e segurança, neste caso, não costumam caminhar de mãos juntas.
O staking permite rentabilizar as criptos ociosas e, ao mesmo tempo, contribuir para fortalecer uma rede blockchain. Foi concebido para funcionar como uma relação ganha-ganha. Como assim? Vamos ver já já.
Para quem curte tokens não fungíveis, o staking também é possível. Sabe aqueles NFTs dos seus jogos preferidos que não são movimentados há tempos? Dá para colocar para render.
Em cripto, uma transação só é adicionada à blockchain após ser validada por meio de um consenso entre os participantes da rede (chamados de “nós” ou “nodes”). Blockchains como o Ethereum, por exemplo, usam o mecanismo de consenso Proof of Stake (PoS) ou Prova de Participação para realizar a validação e criar os blocos com as transações.
Há também projetos como o bitcoin que funcionam com o sistema Proof of Work (PoW) ou Prova de Trabalho. Neste caso, os mineradores invariavelmente precisam fazer investimentos pesados em computadores mega potentes capazes de resolver problemas matemáticos complexos. O processo é muito criticado no mundo inteiro por governos e ambientalistas por demandar alto gasto energético.
Em ambos os casos, recompensas são distribuídas para quem colaborar com as redes. Uma diferença é que, ao fazer o staking, o investidor não precisa de máquinas caríssimas nem comprar briga com os ecologistas. Basta ter moedas digitais em carteira e bloqueá-las durante um período determinado de tempo. O processo se dá via smart contracts ou contratos inteligentes.
Ao serem travadas, as criptos não poderão mais ser usadas pelo dono até que sejam desbloqueadas. Os ativos em staking ficam alocados para executar provas de consenso na rede.
A escolha do validador em PoS é feita de forma aleatória. Em geral, no entanto, investidores com maior número de criptomoedas têm mais chance de serem selecionados. Na Ethereum, por exemplo, para ser validador é preciso bloquear no mínimo 32 ETH.
A boa notícia é que existem algumas formas de participar do staking sem a necessidade de ter tanta moeda assim.
Existem três tipos de staking de criptomoedas:
Como o próprio nome diz, usuários decidem juntar os seus ativos para aumentar as suas chances como validadores de blocos. Geralmente, exige-se um valor mínimo alto de participação que é mais facilmente atingido coletivamente.
A recompensa é depois compartilhada entre todos os membros proporcionalmente à quantidade de cripto com a qual cada um contribuiu.
Os grupos de staking são mais democráticos, porque permitem até que um usuário com uma carteira modesta possa participar.
Este é um serviço oferecido por corretoras e outros operadores aos usuários que buscam renda passiva. Neste caso, as plataformas agem como intermediárias e, assim, os investidores devem pagar comissões, que variam de acordo com o operador.
Essa modalidade é chamada também de cold staking.
As hardwallets ou carteiras frias vêm conquistando cada vez mais os investidores, este ano em especial por conta dos hacks milionários e da série de falências desastrosas no mercado cripto.
A carteira fria, cuja aparência lembra muito uma unidade de USB, armazena a sua chave privada de forma offline. O hardware permite ao usuário acessar facilmente as criptos na blockchain e de forma muita mais segura se comparada com as carteiras mais populares, que em geral ficam conectadas à internet, como a MetaMask.
A francesa Ledger é uma das fabricantes de cold wallets que consente o staking com seus dispositivos. Tem suporte para moedas como Ether (ETH) e Polkadot (DOT).
Criptomoedas são tokens fungíveis, mas o staking também está se expandindo ao universo dos tokens não fungíveis. Os NFTs podem, sim, ser fonte de renda passiva e igualmente dependem de um sistema Proof of Stake para recompensar os participantes.
Para obter rendimentos com NFTs, é preciso deixá-los bloqueados em plataformas ou protocolos. Como geralmente representam colecionáveis ou outros itens exclusivos de arte e jogos, os proprietários têm um carinho especial por eles e podem não ter a intenção de especular no mercado. O staking, portanto, se torna um recurso muito útil para fazer dinheiro sem ter que abrir mão das peças.
Existem plataformas com suporte para uma grande variedade de NFTs. Por outro lado, algumas solicitam que o usuário adquira tokens não fungíveis nativos como condição para receber recompensas em tokens de staking.
As recompensas são distribuídas periodicamente e, muitas vezes, vêm na forma do token de utilidade do protocolo escolhido.
No caso de plataformas associadas a DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas), os ativos podem ser travados em pools de staking. Os stakers ganham como recompensas tokens de governança, que lhes dão o direito de participar das decisões envolvendo o projeto. Existe ainda a possibilidade de reinvestir os tokens ganhos por meio de outros protocolos.
Alguns metaversos de jogo hoje já permitem que os usuários usem os NFTs como tokens de utilidade nas plataformas de staking. O bloqueio dos NFTs serve, neste caso, para aperfeiçoar as habilidades de seus personagens nos games. Assim, dá para faturar recompensas extras.
Embora o staking seja mais sustentável do que a mineração e mais simples de operar - por não requerer obrigatoriamente investimento inicial alto nem conhecimento aprofundado -, os riscos nunca saem de cena. Criptomoedas são muito voláteis e pode acontecer de desvalorizarem durante o staking. Desta forma, as recompensas nem sempre compensam as perdas. Isso vale também para os NFTs.
O bloqueio dos ativos é outro empecilho. Mas já existem plataformas que oferecem opções bem mais flexíveis, com períodos curtos de destravamento ou sem necessidade para tal. Lembrando que quanto mais tempo bloqueado maior a chance de rendimentos superiores.
O ideal, principalmente para quem está começando, é ir tateando o terreno. Comece com quantias pequenas e vá aumentando à medida que pegue mais intimidade com o processo. Prefira o staking via carteiras frias, pois elas armazenam a chave secreta fora da internet, assim você não fica facilmente à mercê de hackers e esquemas.
Caso ache mais prático acessar os serviços de staking de corretoras de criptomoedas, deve ter em mente que está abrindo mão da custódia dos seus ativos. E, como se diz no mercado, “Not your Keys, not your coins”, ou seja "se as chaves não são suas, as moedas também não". Casos como o da Celsius e da FTX estão aí para serem guardados bem frescos na memória.
Fonte: exame
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