Para Vitalik Buterin, criador da segunda maior criptomoeda do mundo, as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês), estão “se movendo na direção errada”, correndo o risco de não trazerem as vantagens necessárias para o sistema financeiro atual.

Durante uma entrevista para a CNBC, Vitalik Buterin disse que já esteve mais otimista em relação às CBDCs no passado, mas mudou de opinião porque elas não estão sendo desenvolvidas pelos bancos centrais da maneira como ele esperava.

 

“O setor [de CBDCs] é onde eu acho que tinha um pouco mais de esperança, provavelmente ingenuamente, cinco anos atrás, porque havia muitas pessoas que queriam fazer coisas como torná-los compatíveis com blockchain, dar garantias reais de transparência e verificabilidade, e algum tipo de nível de privacidade real…”, comentou Buterin.

 

“À medida que cada um desses projetos atinge uma certa maturidade, todos eles desaparecem à medida que a coisa se aproxima cada vez mais de ser 1.0. Obtemos sistemas que não são realmente muito melhores do que os sistemas de pagamento existentes porque basicamente acabam sendo front-ends diferentes para o sistema bancário existente”, acrescentou ele à CNBC.

Moedas digitais de bancos centrais

Atualmente, diversos países já desenvolvem ou ao menos estudam a possibilidade de uma moeda digital. No Brasil, o Drex tem previsão de lançamento para 2024 e será a “terceira etapa” da digitalização financeira no país depois do Pix e do Open Finance.

A falta de privacidade é um dos maiores problemas das CBDCs projetadas por bancos centrais ao redor do mundo até agora, segundo Buterin. Ele disse à CNBC que as CBDCs permitirão que governos e empresas monitorem as transações financeiras da população. O Banco Central do Brasil já prestou esclarecimentos à EXAME sobre a possibilidade de congelar transações e contas de usuários do Drex.

“Eles acabam sendo ainda menos privados e basicamente quebram todas as barreiras existentes contra as empresas e o governo ao mesmo tempo”, comentou Buterin.

Já a Ethereum, rede que ele mesmo criou, Buterin disse que pode resistir à interferências governamentais, principalmente depois da The Merge, atualização que mudou o mecanismo de consenso para prova de participação (PoS) há cerca de um ano.

“A prova de participação é, na verdade, mais fácil de anonimizar e mais difícil de encerrar do que a prova de trabalho (PoW). A prova de trabalho requer enormes quantidades de equipamento físico e grandes quantidades de eletricidade. Esses são exatamente os tipos de coisas que as agências antidrogas têm décadas de experiência em detectar”, concluiu.

Fonte: exame