Como a análise de blockchain tem ajudado autoridades a rastrear e combater crimes com criptomoedas

Por 04/07/2023
04/07/2023


Com a crescente popularização das criptomoedas entre a população em geral, o que naturalmente resulta em volumes financeiros maiores sendo movimentados por meio desses ativos, agentes ilícitos têm percebido oportunidades e desenvolvido novas técnicas para burlar regras e leis neste setor. A emergência da Web3 deve potencializar ainda mais o uso das criptomoedas, portanto é necessário que as autoridades estejam preparadas para lidar com essa modalidade de crime.

Apesar dessa válida preocupação, apenas 0,24% dos US$ 20 bilhões movimentados em criptomoedas em 2022 foram relacionados a transações ilícitas, segundo o relatório Crypto Crime 2023, divulgado pela Chainalysis no início deste ano. É importante destacar também que o cibercrime é um fenômeno de toda a cadeia econômica digital, não sendo exclusivo do universo cripto.

 

A corrida das autoridades para acompanhar os novos métodos dos cibercriminosos é constante, visto que os agentes mal-intencionados estão, quase sempre, um passo à frente das agências de fiscalização. Um estudo da consultoria alemã Roland Berger indica que o Brasil é o quinto país no ranking global de crimes cibernéticos - atrás apenas dos EUA, Alemanha, Reino Unido e África do Sul.

 

Quando esse fator se soma à contínua digitalização da economia e à rápida adoção de novas tecnologias financeiras pelos brasileiros, é possível perceber a importância de preparar os agentes públicos para lidar com as ações de atores mal-intencionados.

Uma das principais ferramentas utilizadas por autoridades para combater este tipo de atividade é a análise de blockchain. Por meio dela é possível rastrear transações suspeitas e visualizar datas e valores das operações, tornando, assim, a identificação de carteiras e sanção de agentes mal-intencionados mais rápida e efetiva.

Tudo isso graças à transparência da blockchain, que permite que essa análise aconteça de forma mais rápida do que em uma operação financeira com moeda tradicional.

Por meio do treinamento dos agentes, órgãos fiscalizadores reforçam a proteção ao consumidor e previnem cibercrimes e ataques. O preparo adequado das equipes de investigação permite um combate proativo, não somente reativo, a estas ameaças. Assim como a análise de DNA foi incorporada às investigações policiais nos anos 1980 e hoje é uma etapa crucial para a resolução de vários tipos de atividades ilícitas em todo mundo, a análise de blockchain pode ajudar as forças policiais a dar um passo à frente na resolução e prevenção de crimes digitais.

Um exemplo de como a análise de blockchain facilita a ação das autoridades é a descoberta do esquema internacional na cadeia de produção do fentanil, um opióide sintético mais potente do que a morfina. O número de overdoses registradas nos Estados Unidos por conta do fentanil cresceu vertiginosamente nos últimos anos, e especialistas já classificam o cenário como crise de saúde pública.

Examinando dados on-chain, a Chainalysis descobriu que criptomoedas têm sido utilizadas na compra de precursores químicos chineses que são enviados ilegalmente para a América Latina, onde são usados para fabricar fentanil, que é então transportado e vendido nos EUA. Desde 2018, cerca de US$ 37,8 milhões em criptomoedas foram enviadas aos vendedores chineses neste esquema.

Baseados nessas informações reveladas pela análise de blockchain, forças policiais podem incorporar técnicas investigativas tradicionais para saber quem controla os endereços e carteiras identificadas, para então aplicar sanções ou outras medidas previstas em lei. Idealmente, isso ajudará a administrar a crise dos opioides e criar um ambiente mais seguro para os cidadãos norte-americanos.

A análise de blockchain pode auxiliar as autoridades a encontrar vítimas de outros golpes e ver o quão difundidos são os esquemas. Armados com dados e treinamentos qualificados, os agentes contribuem não somente para o cumprimento da lei, mas também na criação de um ecossistema cripto mais desenvolvido e seguro para os usuários.

Fonte: exame

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