Nos últimos anos, uma tendência vem ganhando espaço no mundo empresarial: a tokenização. Trata-se de um processo pelo qual ativos reais, como imóveis, obras de arte e até mesmo participações em empresas, são transformados em tokens digitais baseados em blockchain.
O Brasil foi um dos pioneiros neste setor. Já em 2017 o Banco BTG lançou o Reitz, o primeiro token do mundo lastreado em uma cesta de imóveis do banco e que também foi o primeiro ativo digital emitido por um token no mundo.
Em 2018 a exchange Mercado Bitcoin anunciou um dos primeiros tokens RWA do mercado de criptomoedas, ao lançar tokens ligados a precatórios e, pouco tempo depois, ao mecanismo de solidariedade da FIFA.
Desde então esta tendência cresceu em todo o mundo, com diversas nações pelo globo buscando aproveitar os benefícios da tokenização inclusive com o lançamento de plataformas em blockchain para emissão de CBDC, como é o caso do Brasil com o Drex, no qual o Banco Central pretende criar um grande ambiente de tokenização dentro do sistema financeiro nacional.
No entanto, além do Mercado Bitcoin, Liqi, BTG e até mesmo o Itaú, outras empresas no Brasil estão usando tokenização para alavancar seus negócios e entrar na 'onda' dos ativos digitais. Uma destas empresas é a Oliveira Trust, que enxerga a tokenização como a terceira via do mercado de securitização e, para viabilizar a atuação nesse cenário.
A empresa investiu na Liqi, tokenizadora de ativos, que tem como fundador Daniel Coquieri, que no passado fundou a BitcoinTrade. Além do investimento, a OT também firmou uma parceria com a startup para agir como custodiante das wallets dos investidores e como custodiante dos ativos que lastreiam os tokens.
A companhia também apostou na Bee4, ambiente de negociação de ações tokenizadas de empresas com faturamento anual entre R$ 10 e 300 milhões, onde a OT também atua como escriturador, garantindo o controle da titularidade dos tokens e a guarda do lastro.
Já a Elo aposta em áreas como a Web3, tokenização e as criptomoedas como as próximas tendências na área de tecnologias de pagamento nos próximos anos. A empresa vê o fenômeno da tokenização como um caminho de evolução natural para a economia.
Nesta linha, criou o Elo Conecta, o programa de Inovação Aberta, focado na seleção e investimento em Startups que desenvolvem soluções para o mercado de meios de pagamento no Brasil, com DNA 100% brasileiro (que é a marca da companhia).
Tokenização para alavancar o Brasil
Para a Thales, líder global em tecnologia, a tokenização possibilita a proteção de dados sensíveis em um nível superior, além de oferecer aos comerciantes e usuários uma melhor experiência de compra. Esse método está conseguindo proteger dados como, número de cartão de crédito para substituí-los por dados não sensíveis ou símbolos de identificação.
Nesta linha, a empresa desenvolveu uma solução chamada SafeNet Trusted Access (STA), que verifica a identidade de usuários por meio de etapas e da autenticação multifator (MFA), usando tokens antes de conceder o acesso.
A tokenização também está sendo aplicada no universo dos esportes. A Win The Game, empresa de negócios da área de esporte e entretenimento, desenvolveu em conjunto com a Mynt, plataforma de negociação de criptoativos do BTG Pactual, o novo token esportivo do Grêmio.
O Fan Pass $IMORTAL oferece aos torcedores conteúdos exclusivos, vantagens, descontos e experiências únicas, além de investir no time do coração. O investimento auxilia o desenvolvimento do clube e permite a aproximação com sua torcida. A pré-venda do criptoativo foi marcada por um sold out histórico, no qual em menos de 72 horas foram vendidas 200 mil unidades.
Quem também apostou em unir criptomoedas e o futebol brasileiro foi a Binance que lançou fan tokens do Santos e NFTs oficiais do clube. Ainda quando o assunto é tokens, a Nestlé lançou uma coleção exclusiva de NFTs que resgata os cards nostálgicos da marca de chocolates Surpresa para apoiar a ONG SOS Mata Atlântica.
A iniciativa une sustentabilidade e arte, e conta com a participação de cinco artistas plásticos brasileiros: Helena Cintra, Larissa Constantino, Rômolo D’Hipólito, Carla Barth e Vilson Vicente. Cada um possui uma linguagem proprietária e uma conexão com causas ambientais, trazendo personalidade e significado para as obras.
Pensando também no meio ambiente, a Ambipar Ambify criou um utility token que conecta as pessoas a uma economia mais verde e de baixo carbono. O objetivo é reduzir os impactos gerados pelas mudanças climáticas.
Tokenizando imóveis em Londres
Quem também está apostando na tokenzição é a Dynasty Global AG que acaba de efetuar a aquisição de uma unidade em um empreendimento de alto padrão em Londres. Administrado pela rede hoteleira Marriott, o ativo fica situado na Park Street, no bairro de Mayfair, uma das localizações mais disputadas do país
De acordo com Eduardo Carvalho, CEO e co-fundador da Dynasty Global AG, a compra do imóvel londrino faz parte do plano estratégico de expansão internacional da empresa e a escolha pela capital inglesa foi pensada por conta de todo o contexto que envolve a cidade.
“Além de ser uma propriedade icônica em um dos grandes centros financeiros europeu e que atrai negócios de diferentes partes do planeta, Londres se mostra muito amigável a testes para projetos de criptomoedas, o que significa a possibilidade de uma regulação que suporte o uso e adoção das criptomoedas em um futuro próximo”, complementa.