As empresas do setor de energia elétrica EDP e Celesc, em conjunto com o Grupo de Pesquisas do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ) apresentaram os resultados do Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) intitulado “Desafios de Estabelecer Incentivos Regulatórios Corretos na era das Tecnologias Exponenciais.”
O evento, que aconteceu na sala plenária da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em Brasília (DF), também abordou a utilização da blockchain entre as tecnologias disruptivas com impactos exponenciais na legislação, regulamentação e paradigmas vigentes no setor elétrico.
A tecnologia que suporta as criptomoedas também está nos holofotes dos pesquisadores em relação às soluções de evolução do setor e incentivo de adoção das tecnologias disruptivas para a criação de um ambiente de negócios sustentável. Isso porque a pesquisa se apoiou em três pilares: o perfil dos consumidores de energia elétrica, economia digital e recursos energéticos distribuídos.
“Esse trabalho, particularmente, me chamou muito a atenção por olhar o que deve ser feito para que novas tecnologias entrem no sistema de forma adequada. Nós queremos as eólicas, fotovoltaicas e todas as fontes que quiserem entrar no sistema e precisamos adaptar o sistema a isso. Precisamos que as políticas públicas sejam adequadas para a nova realidade. Temos trabalhado para incentivar que pesquisas sejam feitas para melhorar o nosso sistema”, disse o diretor da Aneel Hélvio Neves Guerra.
Em relação ao perfil dos consumidores, foram avaliadas proposta e alternativas para evolução do relacionamento entre distribuidoras de energia e a sociedade, que está mais engajada, empoderada e conectada. Além disso, foram identificadas as necessidades de realizar pesquisa de influenciadores, benchmarking, pesquisas comportamentais com os consumidores e definir as personas.
A blockchain foi citada em outro pilar da pesquisa, a economia digital, que também incluiu como principais tecnologias disruptivas para o setor: gerenciamento e processamento de dados (biga data; data analytics e aprendizado de máquinas), serviço de nuvem, internet das coisas (iOT), realidade virtual e tecnologias de rede e inteconectividade.
No caso do outro pilar da pesquisa, recursos energéticos distribuídos (RED), junto com a descabonização e digitalização, a pesquisa apontou para mudanças expressivas no paradigma tecnológico e regulatório do setor elétrico no Brasil. Entre elas a mudança do papel das distribuidoras frente ao avanço dos RED, o que requer inovações regulatórias.
Foi o que resultou na proposta de adoção de mecanismos normativos pelo PDI, entre eles a modernização de tarifas, neutralidade tecnológica da regulação, sustentabilidade do serviço de distribuição, isonomia no acesso aos dados de consumo e mitigação do viés a investimentos em soluções tradicionais.
Além de Hélvio Neves Guerra, ainda estiveram presentes o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, lideranças e representantes das áreas técnicas da Aneel, de Associações do Setor, da EDP e da Celesc.
De olho nos 40% do Ambiente de Contratação Livre (ACL), o Mercado Livre de Energia do país, a Brasil Energy Exchange (Beenx) entrou em operação em dezembro do ano passado e se tornou o primeiro mercado de balcão de energia elétrica criado em blockchain do país.