Binance Smart Chain vs. Ethereum: Qual é a Diferença?

Por 05/09/2021
05/09/2021


A Binance Smart Chain (BSC) é um hard fork do protocolo Go Ethereum (Geth). Sendo assim, apresenta muitas similaridades em relação à blockchain Ethereum. No entanto, os desenvolvedores da BSC fizeram mudanças significativas em algumas áreas importantes. A maior diferença está no mecanismo de consenso da BSC, que permite transações mais rápidas e baratas.

Introdução

À primeira vista, a Binance Smart Chain (BSC) e a Ethereum são muito parecidas. DApps e tokens criados na BSC são compatíveis com o software Ethereum Virtual Machine (EVM). Você deve ter notado que os endereços da sua carteira pública são os mesmos em ambas as blockchains. Existem até projetos cross-chain que operam em ambas as redes. No entanto, existem algumas distinções notáveis entre as duas blockchains. Se você tem dúvidas sobre qual usar, é uma boa ideia aprender e entender as diferenças.
 

Tráfego de blockchain e ecossistema de DApps

No momento de confecção deste artigo, em junho de 2021, a Ethereum hospeda mais de 2800 DApps na blockchain. Na BSC são aproximadamente 810. É uma diferença significativa, mas considerando o tempo de existência da BSC, vemos que é um ecossistema forte e em rápido crescimento.

O número de endereços ativos também é uma importante métrica on-chain. Apesar de ser uma blockchain mais recente, a BSC registrou um máximo de 2.105.367 endereços em 7 de junho de 2021 - mais do que o dobro do recorde histórico da Ethereum, de 799.580 endereços em 9 de maio de 2021.

E qual será a razão do grande e repentino crescimento da BSC? Alguns dos principais fatores são tempos de confirmação mais rápidos e taxas mais baixas. O crescimento da BSC também está relacionado ao crescente "hype" em torno dos NFTs e à compatibilidade com carteiras de criptomoedas populares, como a Trust Wallet e a MetaMask.

Em termos de transações diárias, há uma diferença ainda maior entre as duas blockchains. Na BSC, é mais rápido e mais econômico movimentar fundos e interagir com contratos inteligentes. Abaixo, podemos ver o pico de cerca de 12 milhões de transações diárias na BSC e seu status atual, que ultrapassa quatro milhões.
 
Por outro lado, a Ethereum nunca ultrapassou 1,75 milhões de transações diárias. Para usuários que precisam movimentar seus fundos regularmente, a BSC é a escolha mais popular. As transações diárias devem ser avaliadas considerando também o número de endereços ativos. Atualmente, a BSC tem um número maior de usuários que, em média, também realizam mais transações.
 

DApps DeFi mais usados na Ethereum e na BSC

Quando se trata de finanças descentralizadas, há uma grande quantidade de DApps usados em ambas as blockchains (BSC e Ethereum) devido à compatibilidade das mesmas. Os desenvolvedores podem facilmente transferir aplicativos da Ethereum para a BSC. Novos projetos da BSC geralmente reutilizam o código fonte da Ethereum com um nome diferente. Abaixo, temos os cinco principais DApps da Ethereum, em número de usuários, no DAppRadar.
 
Na lista, podemos ver dois Automated Market Makers DeFi (Uniswap e Sushi Swap), um jogo cripto (Axie Infinity) e um marketplace peer-to-peer (OpenSea). Ao consultar os cinco principais da BSC, podemos ver muitas semelhanças.
 
A PancakeSwap foi criada através de um hard fork do Uniswap. Autofarm e Pancake Bunny são yield farms – uma categoria que não vemos no top 5 da Ethereum. Biswap e Apeswap são ambos Automated Market Makers. Como as taxas na BSC são baixas e as transações significativamente mais rápidas, yield farms tendem a ser mais eficientes na Binance Smart Chain. Por isso, são escolhas populares dos usuários da BSC.
 
Quando se trata de jogos cripto, a Ethereum é realmente o lar dos títulos mais populares. Embora existam projetos na BSC muito semelhantes aos jogos CryptoKitties e Axie Infinity, eles não conseguiram alcançar um público tão grande quanto os clássicos jogos na Ethereum.
 

Transferências entre redes 

Se você já fez depósitos BEP-20 ou ERC-20 em sua carteira, você deve ter notado que seus endereços de carteira Ethereum e BSC são idênticos. Portanto, se você escolher a rede errada ao retirar seus tokens de uma exchange, poderá recuperá-los facilmente através da outra blockchain.
Se você, acidentalmente, sacar tokens ERC-20 para a BSC, você ainda pode encontrá-los no endereço BSC correspondente. É possível realizar o mesmo processo em caso de envio acidental de tokens da BSC para a Ethereum. Felizmente, em ambos os casos, você não perderá seus fundos permanentemente.

Taxas de transação

Para taxas de transação, a BSC e a Ethereum usam um modelo chamado Gas, que mede a complexidade de cada transação. Os usuários da BSC podem definir o preço de Gas de acordo com a demanda da rede. Os mineradores priorizarão as transações com preços de Gas mais altos. O hard fork London da Ethereum, no entanto, propõe algumas novas modificações que devem eliminar a necessidade de altas taxas.

A atualização da Ethereum cria um novo mecanismo de precificação com uma taxa básica por bloco. A taxa básica muda de acordo com a demanda por transações, removendo a necessidade de definição do preço do Gas por parte dos usuários.

Historicamente, as taxas de Gas da Ethereum têm sido muito mais altas do que as taxas da BSC. A média mais alta foi de US$ 68,72, registrada em maio de 2021. Essa tendência começou a mudar, mas a Ethereum ainda é a mais cara.

Vejamos os custos médios da Ethereum no Etherscan para obter uma ideia melhor. Os três primeiros números mostram os preços atuais do Gas na Ethereum. Na BSC e na Ethereum, 1 gwei é equivalente a 0,000000001 BNB ou ETH, respectivamente. Se você pagar o preço mais baixo, a transação demorará muito mais para ser concluída.
 
Para a simples transferência de um token ERC-20 para outra carteira, o preço médio no momento da escrita é de US$ 2,46. Esse número aumenta para US$ 7,48 ao usar um pool de liquidez do Uniswap, que envolve múltiplas transações.
 
Abaixo, temos uma transação na BSC com uma taxa de apenas US$ 0,03, equivalente à transferência de ERC-20 no rastreador (gas tracker) da Ethereum. A BSC calculou esse valor multiplicando o Gas usado na transação (21.000) pelo preço do Gas (5 gwei).
 

Tempo de transação

Medir o tempo médio de transações em blockchains pode ser complicado. Tecnicamente, uma transação é concluída depois que os mineradores validam o respectivo bloco da transação. No entanto, outros aspectos podem afetar o tempo de espera:

  1. Se você não definiu uma taxa alta o suficiente, os mineradores podem atrasar sua transação ou até mesmo não incluí-la em um bloco.
  2. Interações mais complexas com a blockchain requerem múltiplas transações. Por exemplo, o processo para adicionar liquidez em um pool de liquidez.
  3. A maioria dos serviços só considera uma transação válida após a confirmação de um certo número de blocos. Essas confirmações adicionais reduzem o risco de comerciantes e prestadores de serviço terem problemas com seus pagamentos, caso o bloco seja rejeitado pela rede.

Ao analisar as estatísticas do Gas para a Ethereum, podemos ver que o tempo de transação varia de 30 segundos a 16 minutos. Esses números levam em consideração as transações bem-sucedidas, mas não os requisitos de confirmações extras. 

Por exemplo, se depositar ETH (ERC-20) em sua conta da Binance, você deverá aguardar 12 confirmações de rede. Com uma média de 1 bloco minerado a cada 13 segundos, conforme o diagrama abaixo, isso adicionaria 156 segundos extras ao depositar ETH em sua carteira spot.

Na BSC, o tempo médio por bloco é de 3 segundos. Quando comparamos isso com os 13 segundos da Ethereum, observamos uma melhora na velocidade de aproximadamente 4,3 vezes.

Mecanismo de consenso

Embora o mecanismo de consenso Proof of Work (PoW) da Ethereum seja semelhante ao do Bitcoin, é muito diferente do mecanismo Proof of Staked Authority (PoSA) da BSC. No entanto, essa diferença não irá durar muito. Com a atualização Ethereum 2.0, a rede usará um mecanismo de consenso Proof of Stake (PoS).
 
O mecanismo PoSA da BSC combina aspectos do Proof of Authority (PoA) e do Delegated Proof of Stake (DPoS). 21 validadores se revezam em turnos para produzir blocos. Em troca, eles recebem taxas de transação em BNB como recompensa. Para se tornar um validador, um usuário deve primeiro se tornar um candidato elegível. Para isso, ele deve executar um node (nó) e fazer staking de pelo menos 10.000 BNB.
 
Outros usuários, conhecidos como delegadores, fazem stake de BNB em nome de um candidato eleito. Os 21 principais candidatos eleitos pelo valor em staking irão se revezar para processar os blocos. Todo esse processo se repete a cada 24 horas. Os delegadores também recebem uma parte das recompensas distribuídas aos validadores.
 
O PoW da Ethereum é um sistema totalmente diferente. Em vez de selecionar validadores, existe uma disputa na comunidade para solução de um quebra-cabeça computacional. Qualquer pessoa pode participar, mas precisará comprar ou alugar equipamentos especializados para mineração. Quanto mais poder computacional, maior será a probabilidade de resolver o quebra-cabeça primeiro e validar um novo bloco. Os mineradores bem-sucedidos recebem taxas de transação e uma recompensa em ETH.
 
Embora o PoW seja uma forma eficaz de obter consenso e garantir a segurança da rede, os desenvolvedores exploram o uso de outros mecanismos. Seu objetivo é encontrar alternativas mais eficientes e ecológicas sem comprometer a segurança da rede.

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