Na última quarta-feira (19), a cotação do Bitcoin caiu de US$ 43 mil para cerca de US$ 30 mil. A sexta maior queda diária de sua história.
O Bitcoin não foi a única criptomoeda que caiu dessa forma tão expressiva. Outros ativos digitais chegaram a perder até 50% em um único dia, que ganhou o título de “quarta-feira negra das criptomoedas” na mídia especializada internacional.
Uma referência a “quarta-feira negra” de 1929, que marcou o pior crash da história de Wall Street.
Entre as causas que teriam levado à essa queda estavam as declarações retumbantes da China contra a criptomoeda, com a proibição para as empresas chinesas de operar Bitcoin e oferecer produtos financeiros baseados nesse ativo digital.
Mas também os sinais que vinham de Washington, com o Federal Reserve (Fed) e o governo dos Estados Unidos que salientaram a necessidade de regulamentar esse mercado, informando o Departamento do Tesouro sobre transações superiores a US$ 10 mil, em perspectiva da criação de novos impostos.
Entretanto, da análise um pouco mais fria do movimento do dia 19 de maio aparece um dado claro: a violenta queda do Bitcoin levou muitos grandes investidores, as chamadas “baleias”, a comprarem a cripto.
Comparando fluxos e saídas de Bitcoin de duas plataformas de negociação que têm alvos diferentes – a Coinbase (amplamente utilizada por investidores institucionais também devido à posição de segurança adquirida ao longo dos anos) e Binance (a maior bolsa de cripto do mundo, muito mais usada por pequenos traders e investidores de varejo) – esse movimento dos grandes operadores se torna evidente.
No meio da correção turbulenta da última quarta-feira, enquanto a Coinbase registrou defluxos de Bitcoin, a Binance registrava uma inundação de depósitos da criptomoeda.
Isso significa, simplificando, que grandes investidores retiraram seus Bitcoins de suas bolsas favoritas (como a Coinbase) para depositá-los em seus “cofres digitais”. Enquanto os pequenos tomaram o caminho oposto: eles transferiram seus Bitcoins de seus wallets para as bolsas (como a Binance) para vendê-los o mais rápido possível, com medo de uma queda ainda maior da cotação.
Non final do dia, a cotação do Bitcoin voltou a subir rapidamente. O que, segundo os analistas, seria um indício de recompra por parte de grandes investidores de enormes quantias de Bitcoin, para aproveitar da forte queda.
O próprio Elon Musk também falou sobre o caso, acusando as “baleias” de estar atuando no mercado. No Twitter, o diretor-presidente da Tesla (TSLA34) postou uma mensagem contendo o nome da produtora de carros elétricos, um diamante e duas mãos. Na simbologia dos traders millennials o significado parecia inequívoco: “Tesla, mão forte do mercado, não vendeu Bitcoin”.
Os próximos dias e semanas serão importantes para entender em que níveis a demanda por criptomoedas se estabilizará após a correção do mercado.
Entretanto, os dados das principais corretoras de Bitcoin mostram um crescimento estrutural robusto e uma presença estável de investidores institucionais e profissionais. O que fornece um certo otimismo para os operadores do mercado.
Entretanto, é preciso considerar que Bitcoin é um ativo em price discovery, ou seja, o mundo ainda está tentando entender quanto ele vai valer.
No último período, o fenômeno definido como Fear of Missing Out – Fomo (Medo de perder a ocasião) voltou com força. Ou seja, o medo dos investidores de ficar fora de algo que parece crescer sem limites está retornando aos mercados.
Todavia, se a compra de um ativo, critpo ou tradicional, é feita com a única motivação do Fomo, é muito provável que o investidor/trader entre em pânico e venda tudo logo que o primeiro medo ou incerteza surgir.
Nesse caso, o Fomo deixa o caminho para o Fear, uncertainty and doubt – Fud (Medo, incerteza e dúvida). E é nesses casos que o mercado despenca.
Uma queda potencializada pela enorme quantidade de traders com posições alavancadas e pelo volume crescente de derivativos no mercado de Bitcoin.
Mas para os investidores “baleia”, visão é outra.
Eles atuam nesse mercado investindo de outra forma. Pois para eles os fundamentos dos Bitcoins não mudaram e as criptomoedas continuam sendo um ativo emergente que visa melhorar o back-end das finanças tradicionais.
As baleias olham para essas correções drásticas como consequência do fato que a adoção do Bitcoin ainda estar em um estágio inicial. Pois apenas 2,5% os usuários da internet possuem ativos digitais.
Os grandes investidores consideram o Bitcoin até superior ao ouro em muitos aspectos, embora o metal precioso tenha uma vantagem temporal. Para eles, o ativo digital está acessível em qualquer lugar do mundo em que exista uma conexão à Internet, é mais transparente, verificável, escasso e fácil de guardar.
Outro dado que demostra a presença massiva de baleias no mercado de cripto é o fato que 54% dos investidores são de longo prazo. Ou seja, compraram a primeira criptomoeda há mais de um ano.
A maioria das ondas de vendas é causada por novos investidores e negociações especulativas.
Na “quarta-feira negra”, 74% dos traders que compraram Bitcoin nos últimos 6 meses liquidaram, ou foram forçados a liquidar, sua posição nas plataformas de câmbio. Típico comportamento de sardinhas amedrontadas. Que viraram pasto de baleias.
Mais um sinal que sugere que o que vimos na última quarta-feira no Faroeste que se tornou o mercado das criptomoedas (já que não é regulamentado e é alimentado por muitos investidores e traders novatos) foi um conflito entre baleias e sardinhas. Vencido pelas primeiras. Que estão se tornando as verdadeiras dominadoras do Bitcoin.
Fonte: Suno
Isenção de responsabilidade. A Universidade do Bitcoin não endossa nenhum conteúdo nesta página. Embora tenhamos como objetivo fornecer a você informações importantes do mundo das criptomoedas, os leitores devem fazer sua própria pesquisa e análise antes de tomarem quaisquer decisões e assumir total responsabilidade por elas, nem este artigo pode ser considerado como um conselho de investimento.