A ABBC (Associação Brasileira de Bancos) anunciou que pretende viabilizar a criação de um consórcio para que instituições financeiras associadas possam se candidatar a participar dos testes que o Banco Central (BC) desenvolverá sobre o Real Digital.
A divulgação ocorreu na abertura do evento “Tokenização de ativos: uma nova onda”, promovido pela própria ABBC, na quinta-feira (4), na sede do BC, em São Paulo, com apoio da KPMG e do BC. O programa-piloto do Real Digital fará testes de emissão, resgate e transferência dos ativos na plataforma, bem como avaliará os fluxos financeiros decorrentes de eventos de negociação.
A presidente da ABBC, Sílvia Scorsato, ressaltou que a intenção do consórcio é possibilitar maior diversidade na participação de instituições, na medida em que a ABBC propiciará a infraestrutura necessária para o projeto e ajudará na coordenação das ações.
“Representamos bancos de diversos portes, instituições de pagamentos, cooperativas, entre outros. É uma oportunidade para que mais players participem do projeto”, disse.
O Diretor de Inovação e Serviços da ABBC, Euricion Murari, explicou que a proposta também visa utilizar a associação como um nó da infraestrutura necessária para o ambiente, e, assim, otimizar recursos, dar viabilidade e oportunidade às associadas. Hoje, entre os 118 associados à ABBC, existem ao menos 13 instituições que já demonstraram interesse em participar do grupo.
Economia tokenizada
A abertura do evento foi comandada pelo Chefe do Departamento de Supervisão Bancária do BC, Belline Santana, e pelo Diretor Técnico da ABBC e Diretor de TI e SI do Banco Brasileiro de Crédito, Wallace Jagiello.
O primeiro painel do evento contextualizou a economia tokenizada, com a participação do Sócio da área de Financial Risk Management da KPMG Brasil, Fábio Lacerda, e do Sócio de Consultoria de Transformação, líder em Payments, Banking & Digital Assets da KPMG, Thiago Rolli.
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Eles apresentaram os conceitos fundamentais sobre tokenização, vinculando-os ao atual debate sobre o Real Digital. Nessa exposição, disseram que a tokenização possibilita o fracionamento de ativos em representações digitais (tokens), que viabilizam a negociação fracionada da propriedade desses mesmos ativos.
Essas frações digitais podem funcionar como uma nova classe de ativos negociáveis, ampliando o acesso a novas opções de captação e investimento. Além disso, na visão dos especialistas, o token viabiliza a eficiência econômica em um mundo que se transforma diariamente em direção à economia tokenizada.
No painel 2 do evento, Experiências com tokenização: casos práticos e visão de futuro, o CEO da Vórtx QR Tokenizadora, Carlos Ratto, contou que o avanço dos tokens tem a possibilidade de trazer mais eficiência no processo de emissão de ativos, porque aglutina os agentes que hoje existem no mercado.
Em consonância, o Gerente Executivo de Estratégia de Negócios e Inovação da Nuclea, Raphael Mielle Trintinalia, e o especialista em Tecnologia e Inovação da Indústria Financeira para LATAM da Microsoft, João Paulo Aragão Pereira, concordaram, acrescentando que há uma oportunidade boa para crescimento do mercado financeiro, mas que a regulação é importante, principalmente por conta da visão sobre cibersegurança.
Os painelistas colocaram que o Real Digital vai ser um propulsor para a criptoeconomia e que a tecnologia pode alavancar esse movimento.
Aceleração do mercado financeiro
No painel 3: Real Digital, o Coordenador de Regulação de Riscos Financeiros em Infraestruturas do Mercado Financeiro do BC, Rafael Bianchini, demonstrou que, na visão do regulador, há uma aceleração permanente no mercado financeiro, principalmente com a popularização do Pix.
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“Há alguns anos, discutíamos o Pix e ninguém imaginava o que seria hoje. Agora estamos nesse mesmo estágio com o Real Digital. Não podemos negar que o Pix foi um salto de inclusão da população brasileira”, disse. “Estamos discutindo a tokenização de tudo, não só de ativos financeiros. Real Digital é a tokenização da moeda, que, juridicamente, continua sendo a mesma coisa”, conclui Bianchini.
Márcio Alexandre, Superintendente de Arquitetura e Governança de TI do Sicoob, apresentou sua visão sobre as diferenças na governança dos projetos Pix, Open Finance e agora o Piloto do Real Digital e, na sequência, compartilhou com a audiência a experiência do Sicoob em um projeto de DLT envolvendo outras instituições financeiras brasileiras para estabelecer uma rede blockchain ainda em 2018. O painel foi mediado pelo CEO da CRT4, Ricardo Simone Pereira.
Fonte: cointelegraph