Agricultores brasileiros enfrentam um problema classificado pela Credit Data Alliance (CreDA) como “Paradoxo de Crédito”. Ao tomar empréstimos junto a instituições financeiras, muitas informações relevantes são deixadas de fora, limitando o limite de capital que os produtores agrícolas podem obter para custear suas operações.
A iniciativa Credit4Good, da CreDA, está firmando parceiras com agricultores brasileiros para fornecer análises de crédito e empréstimos mais condizentes com suas realidades. Esse processo tem a tecnologia blockchain como base.
O Brasil é uma potência no cenário agrícola mundial. O país é o maior exportador de soja atualmente, e segundo maior exportador de cana-de-açúcar. Fakhul Miah, CEO da CreDA e ex-Morgan Stanley, avalia que existem ferramentas para fornecer linhas de crédito maiores para os agricultores brasileiros. O que falta, porém, é uma análise melhor de dados específicos.
“Na prática, os modelos de crédito atualmente aplicados ao setor não levam em consideração o valor atual e potencial dos ativos agrícolas, contra os quais os agricultores estão garantindo seus empréstimos”, diz Fakhul Miah. “Tais ativos incluiriam, não apenas terras e equipamentos, mas a qualidade dos mesmos, as práticas de cultivo empregadas por cada agricultor, bem como seu histórico agrícola e comercial”, completa.
A CreDA já atua no ramo das finanças descentralizadas (DeFi), fornecendo soluções de empréstimo através de um sistema que utiliza blockchain. Agora, esse modelo foi alterado para se adequar à realidade dos empréstimos a produtores agrícolas. É através do oráculo de crédito da empresa que os dados, ignorados por instituições tradicionais, são aferidos.
“Nós nos diferenciamos através de programas como a análise de crédito mais precisa, onde podemos usar os dados geográficos de um terreno para moldar a pontuação de crédito do usuário”, declara Miah.
A análise aprofundada de indicadores de crédito, junto com a tecnologia blockchain, além de permitir uma linha de crédito mais extensa, facilita o acesso dos desbancarizados. “A pontuação de crédito é emitida como um NFT vinculado à carteira do usuário. Assim, até quem não possui cadastro em bancos pode ser registrado, através da blockchain, para legitimar seus ativos e sua elegibilidade a crédito.”
Além disso, a CreDA planeja executar um modelo “aprenda para ganhar” junto aos agricultores, para que eles comecem a se familiarizar com a Web3 e o mercado de criptomoedas.
“Estamos estabelecendo parcerias com organizações no Brasil para desenvolver um sistema educacional de aprenda para ganhar, que recompensa agricultores com criptomoedas conforme eles aprendem mais sobre carteiras, transações, staking, mineração, etc”, diz o CEO da CreDA.
Embora se baseie nos conceitos de DeFi, focando em imutabilidade e transparência, o Credit4Good não se limita a empréstimos com criptomoedas. Fakhul Miah afirma que a CreDA trabalha com especialistas em crédito do mercado financeiro tradicional, criando uma ponte entre finanças descentralizadas e o mundo centralizado. Por isso, é possível fornecer empréstimos através de moedas fiduciárias, ou até mesmo stablecoins.
A presença de empresas que formam pontes entre a economia digital e as finanças tradicionais tem crescido nos últimos anos. O setor, chamado de Ativos do Mundo Real (RWA, na sigla em inglês), é tido por empresas e especialistas como uma das narrativas mais fortes do mercado cripto para 2023.
Ainda que não tokenize ativos físicos, a Credit4Good transforma pontuações de crédito em NFTs, facilitando o acesso a agricultores a empréstimos. Desta forma, a empresa também pode ser considerada como parte dos esforços que unem os dois mundos.
Fonte: cointelegraph
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